details

Não lido bem com a indiferença. Com a mudança. As pessoas mudam sem razão aparente. Não justificam e esperam que os outros corram atrás. E o pior é que acho que a culpa é minha. Acho que o meu maior erro é acreditar. Acreditar nas pessoas, em mim, em sonhos, acreditar que no final tudo vai ficar bem, quando sei perfeitamente que não vai. Realmente eu tenho de parar de criar expectativas de certas pessoas. Não adianta, não mudam, não crescem. Eu é que tenho que aprender que não é assim que vou ser minimamente feliz.

Eu costumo guardar as coisas para mim. Sempre fui assim. Acho que é porque na realidade ninguém se importa. Com o que se passa comigo ou à minha volta. Com o que sinto ou com o que me faz chorar. Nem mesmo com o que me deixa com um sorriso parvo na cara. Podem perguntar mas no fundo é só por curiosidade e não porque querem mesmo saber. Aquelas perguntas de rotina. As mesmas de sempre, porque não existe imaginação para as alterar. "O que tens?", "O que se passa?", "O que aconteceu?". A perguntas destas, o que é suposto responder? "Não tenho nada que nunca tenha tido, sempre consegui ultrapassar os meus problemas. Não se passa nada que nunca tenha passado, porque é mesmo o passado que volta e faz estragos. Não aconteceu nada de novo, porque é o mesmo de sempre que incomoda." E é isto. Na vida, somos só nós. Uma vez disseram-me "agora somos família, e podes contar connosco". E eu não estava habituada a ter tanta gente preocupada comigo e p

O sentimento de posse é horrível. Eu não quero sentir que todos os que gosto me pertencem. Não quero sentir ciúmes dos meus amigos. Não quero estragar amizades verdadeiras por causa do meu orgulho estúpido. Mas eu já tentei mudar. E é difícil. As pessoas não são minhas e eu devia perceber isso. Qual é a dificuldade Beca? Tu estás sozinha e ninguém é teu. Os teus amigos têm outros interesses, não vivem para ti, percebe isso. Estás mal? Aguenta firme. Não chora. Não ri. Não respira. Não desiste. Não dá parte fraca. Estás bem? Sorri. Saí de casa. Apanha um pouco de calor. Apanha um pouco de ar puro. Passeia. Diverte-te. Não te esqueças que vives por ti e para ti.

Eu importo-me e tu não. Isso vai ter que mudar. Dê por onde der eu vou deixar de me importar contigo. Com o que pensas. Com o que sentes. Com o que dizes. Com o que os outros dizem. Que julguem, que critiquem, que se importem com a minha vida. Já que quem eu quero não se importa, pelo menos existe alguém que dá importância. Parece que existem vidas muito deprimentes para se meterem na dos outros. Continuem. Quando te vir vou mudar de rua, quando me falares vou apenas acenar e sorrir, quando ouvir o teu nome vou responder :"Não conheço tal pessoa." Porque na verdade, não conheço.