Encontrei a saudade hoje e ela perguntou por ti. Perguntou pela nossa história, pelo amor. Senti-me vazia, sem luz. Vendo bem, isto ficou um tédio sem ti.  Disse-lhe que não sabia de nada mas acabei relembrando momentos. Momentos teus, momentos nossos. Quando entravas em alguma divisão, parecia que trazias um amigo contigo, o sol. Todo o local se iluminava como o nascer do dia. Bastava um sorriso e tudo se concentrava em ti e tu sabias disso. Odiava quando estava no café com as minhas amigas, tu chegavas e elas deixavam de prestar atenção à nossa conversa. Tu sabias e mesmo assim continuavas a aparecer de surpresa só para me irritar. O riso campeão. Como eu passei a chamar. Aquela gargalhada que davas quando sabias que me estavas a tirar do sério. O riso que te passou a proteger. O riso que me ajudou a conhecer o teu sentido de humor. O riso que me desarmou muitas e muitas vezes. Aquele riso. O teu.
Quando passeávamos pela cidade e tu tentavas dar-me a mão sabendo bem que eu odiava. Acabavas por colocar o meu braço à volta da tua cintura e o teu em cima do meu ombro. Dizias que eu não era normal e era isso que adoravas em mim. Quando íamos ás compras e tu compravas t-shirts e casacos que eu gostava porque sabias que eu acabaria por usar. Espalhavas o teu perfume em todas as t-shirts que eu levei comigo porque tu sabias que me ajudava a dormir. Sentir o teu cheiro. O dia em que encontrei uma caixa com uns óculos de sol que nunca te tinha visto usar, na tua mochila. E tu disseste que era para me dares no dia em que me esquecesse dos meus. Ainda me lembro do abraço que te deu nesse dia. Talvez dos mais demorados de sempre. Talvez dos mais sentidos. Foi o meu agradecimento, não pelos óculos mas pelo gesto. Tu eras um desastre a fazer surpresas. Como naquela vez que fingiste que te tinhas esquecido do nosso aniversário e tinhas um plano preparado ao milímetro. Eu sabia de tudo, dois dias antes. Vi a reserva dos bilhetes de cinema no teu computador e também vi os esboços da música que me escreveste amachucados no meio do chão do teu quarto. Fingi não saber de nada. Fingi estar chateada por te teres esquecido. Fingi estar surpreendida quando me foste buscar a casa. Tu eras mesmo um desastre e eu adorava isso em ti. Com isto percebi que menti à saudade. Ainda sei muito de ti, de nós. Eu consigo que as pessoas fiquem mais tempo no meu coração e na minha cabeça do que na minha vida.

Comentários

  1. "Eu consigo que as pessoas fiquem mais tempo no meu coração e na minha cabeça do que na minha vida."
    acho que sofremos do mesmo problema.
    Gostei *

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  2. Bem, que sortuda :D Sem dúvida que deves fazer isso. Esse género de casacos tem luz própria :)

    Meu Deus!!! Explica-me... Como é que me posso identificar tanto com o teu texto?!

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    InstagramFacebook Oficial PageMiguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D

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  3. Mais uma vez obrigado!!! É uma luta complicada mas não é impossível. Tudo vai ficar resolvido muito em breve e muito graças ao vosso apoio! Obrigado, de coração :D

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  4. Este texto está de arrepiar... E a última frase... bem a última frase é tão eu...

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