Gostava de explicar o que sinto mas na realidade não sinto nada. Aquele aperto no coração e o sorriso parvo sempre que ouvia o nome dele. A satisfação de chegar a sexta-feira e ter o fim de semana só para mim. A calma que alcançava com o silêncio. O gozo de me infiltrar na multidão e ser uma estranha. A animação quando fazia algo que gosto. O bom humor matinal. Até a irritação quando a minha irmã me roubava o comando da televisão. Tudo isso desapareceu. Agora quando a minha irmã chega eu vou para o meu quarto para não ter discutir. Acordo mal disposta todos os dias. Saiu para tirar umas fotografias e nem isso me anima. O barulho da multidão incomoda-me mais do que o normal. O silêncio não me deixa pensar. O fim de semana é só mais uns dias da semana. O amor por ele parece que desapareceu. Não sinto mais nada. São dias tristes. Sem vontade para nada. Só dormir. Dormir para que ninguém me incomode, dormir para sonhar, dormir para me manter acordada. Não sei se isso faz sentido. Não me sinto perdida, mas sim desencontrada. Desencontrada do caminho. Do percurso. Do destino. Por vezes demora a "cair a ficha" mas ela cai mais cedo ou mais tarde. Parei um segundo e percebi que já tinha passado por isto à uns anos atrás. Naquela altura a atitude que tomei não foi a melhor ou racional. E aí voltou tudo. Aquela dor persistente, aquele sofrimento, aquela angústia. Uma lágrima apareceu e seguiram-se muitas outras. Pela minha cabeça passaram alguns episódios que confirmavam que estava naquela fase do passado outra vez. Quis ligar para alguém. Contar o que se passava e como doía. Algumas pessoas vieram à minha mente mas no fim não havia ninguém disposto a abrir mão da sua noite de sono para ouvir as minhas preocupações. Ninguém. Aquela velha dor veio com a força máxima. Rápida. Forte. No passado perdi uma parte de mim. E eu tenho medo das perdas, neste caso, da minha alma. Vida.

Comentários

  1. amei o seu blog, é irresistível.
    sério, parece que estou lendo um livro! ♡

    http://diarioestapafurdio.blogspot.com.br/

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