Era uma vez, 
uma menina simples de cabelos ondulados e olhos expressivos. Pequenina em tamanho e em afecto. Vivia numa cidade cheia de espinhos mas que para ela eram flores. Ingénua. Sem noção. 
Sempre aquela que ouvia mas nunca era ouvida. Sempre aquela que ajudava mas que nunca aceitou ajuda. Sempre aquele ser frágil e inocente. Fugia dos problemas com medo de os enfrentar. Saía magoada de cada episódio mas sofria em silêncio. No seu quarto. No seu canto. No seu refúgio. Chorava, chorava e chorava. Em silêncio. No escuro, chorava. Não tinha amigos, não tinha apoio. 
Um dia, acordou com o sol a entrar pela janela. Os raios eram quentes e aqueceram o seu coração. Foi como um abanão na vida. Não foi o sol mas sim a maneira como ela interpretou aquele episódio. Mudou a vida dela. Aquela menina frágil e que não tinha amigos mudou. Talvez não para melhor mas mudou. 
Passou a ser a menina fria e egoísta que ninguém se quer aproximar. Ela percebeu o que se passava à sua volta e fez frente às pessoas que lhe queriam mal. Continua a não ter amigos. Continua com os seus caracóis brilhantes e com a sua pele morena. Continua a ser pequena e a precisar de ajuda para chegar ás prateleiras mais altas. Continua frágil e sentimental. Mas mudou. Aquela menina de quem todos riam, morreu.

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